Ao adquirir um cachorro desta raça é bom saber alguns pormenores referentes à sua história e ao seu património genético a fim de lhe poder dar a educação e a alimentação necessárias para que ele se desenvolva da melhor forma possível, saudável e com uma postura socialmente correcta. Só assim será possível conviver em harmonia com um cão adulto desta raça.

 
 
 
 

Esta é a primeira consideração que devemos ter em mente quando um cachorro desta raça entra na nossa vida. Ele não precisa de ser ensinado a cumprir com este trabalho porque desde sempre esta raça foi utilizada para a PROTECÇÃO.

O cachorro felpudo e patudo que sai da mãe aos 50 dias e que parece inofensivo e sempre meigo vai-se transformar naturalmente num protector exímio do seu território e dos bens à sua guarda. Isto acontece em adulto, depois do ano de idade. Mas para que isso aconteça sem causar problemas haverá que lhe ensinar regras e a respeitar a família, os amigos e os outros animais domésticos da casa.

 
 
 
 
 

Esta é a segunda e importante consideração a tomar em conta:

Desde sempre estes cães foram livres de correr os montes atrás das ovelhas num permanente exercício físico e em constante função de vigia contra os perigos que ameaçam o rebanho, muitas vezes cobrindo grandes distancias num só dia à procura do melhor pasto para o gado. Os cachorros são integrados pelos pastores nos rebanhos aos 2 meses e lá andam atrás dos cordeiros monte acima, monte abaixo, a aprenderem com eles e com as mães o que devem fazer. O relacionamento com os homens é escasso, como é também ténue o relacionamento com o pastor. Cedo aprendem a valerem-se por si próprios, a tomar decisões importantes sem ajuda, numa selecção natural onde prevalece a lei do mais forte e só sobrevive o mais resistente. Muitas vezes atingem a idade adulta sem saber que têm um nome ao qual devem responder, e muito menos que existe uma voz de homem a quem devem obedecer!

 
 
 
 

Mesmo que as condições de vida mudem, que o campo aberto seja trocado por um quintal ou um jardim duma vivenda é bom nunca esquecer que este cachorro tem esta herança genética bem inculcada e que é naturalmente curioso, desconfiado e independente. Como bom guardião que é sabe instintivamente marcar o território que lhe pertence.

É importante ter sempre em mente que ele pensa que o seu espaço, por mais pequeno que seja, é mesmo só dele, está a sua guarda e que quem tem a missão de lá mandar é ele.

Não é portanto de admirar que o carácter destes cães seja marcado pela necessidade de serem independentes e auto-suficientes e que o seu temperamento seja dominante e condescendente em relação aos outros animais domésticos que com ele convivem e que ele considera inferiores.

 
 
 
 

O cachorro de 50 dias que entra em nossa casa e que pesa 8 quilos e mede 35 cm em menos de 1 ano vai pesar 60 quilos e medir 80 cm. Se nas primeiras semanas é possível andar com ele ao colo, cedo deixa de o ser devido ao seu peso excessivo e ao seu tamanho.

É portanto necessário aprender a dominar este cão desde os primeiros dias, ensinando-lhe as regras da educação e das boas maneiras e, com firmeza, também o dom da obediência.

Aos 2 meses já deve saber andar á trela sem puxar, reagir ao chamamento do nome, fazer as necessidades nos jornais (se viver em casa) e ficar sozinho sem uivar durante a noite. Deve saber que a voz grossa representa um castigo e que a palavra "NÃO" exige imediata obediência.

Aos três meses deve ser firmemente repreendido se fizer asneiras e deve aceitar a repreensão sem arreganhar o dente.

A palavra de ordem é sempre: respeito

Para contrabalançar esta educação rígida, o dono deve ser pródigo em festas, e em atenções para este cachorro que é extremamente carente de afecto e reage sempre com muita alegria a demonstrações de carinho.

 
 
 
 

O cachorro Cão de Gado é ciumento e possessivo o que pode ser um perigo quando for adulto se não lhe ensinarmos a controlar esse instinto.

Esta característica é muito própria desta raça e deve ser controlada desde o início.

É bom mais uma vez lembrar que no acompanhamento do rebanho no campo sobrevive o mais forte e portanto a defesa da pouca comida que lhes é dada transforma-se numa primordial necessidade de sobrevivência. Assim, em casa o cachorro deve aprender a permitir, sem resmungar, que lhe toquem na comida, nos brinquedos e que façam festas nos outros cães ou animais da casa, se os houver. Porque o dono transforma-se também para ele num bem de grande importância que não vai querer compartilhar com ninguém!

 
 
 
 

O cachorro Cão de Gado adora mimos e meiguices, reage com uma alegria muito própria as festas do dono, que normalmente se manifesta por pulos no ar e patadas.

Se esse comportamento é tolerável em pequeno é bom não esquecer que 60 quilos de impulso numa patada podem ter efeitos muito devastadores quando o cão crescer e for adulto e que se não for ensinado a controlar este tipo de impulso em pequeno ele não vai perceber que não pode continuar a brincar assim com o dono em adulto!

Outra característica da raça quando quer manifestar amor é mordiscar o dono. Mais uma vez há que lhes ensinar a não o fazer. Se os mordiscos de cachorro na muda de dentes são uma experiência desagradável, mordiscos de adulto podem ser altamente dolorosos! E atenção que eles são muito teimosos e vão ter dificuldade em aprender!

 
 
 
 

O dono dum cão desta raça deve sempre partir deste princípio fundamental.

Se pensar em adquirir um cachorro desta raça terá obrigatoriamente de dispor do tempo suficiente para dedicar ao seu ensino e á sua educação principalmente nos primeiros meses de vida. Se isso não acontecer, em poucos meses, em vez dum companheiro inteligente, nobre, fiel e disposto a dar a vida para proteger a sua família, vai ter de conviver com um bólide vivo, teimoso, independente e impossível de ser controlado! Com a agravante de continuar a ser muito inteligente.

 
 
 

Este ditado antigo aplica-se perfeitamente à educação deste cão!

Desde o início este cachorro vai ter que perceber que quem manda em casa é o dono e que vai ter de ser submisso. Por outras palavras é nas primeiras semanas de vida na nova casa que o cachorro terá de aprender a se entregar ao dono sem restrições. E isto nesta raça não acontece naturalmente, nem sem antes ter havido algumas confrontações.

A educação deste cão passa portanto pela firmeza aliada ao carinho, que é na realidade a chave do sucesso neste tipo de aprendizagem e ao qual esta raça é extremamente sensível.

 
 
 
 

Paciência, carinho e firmeza são as coordenadas fundamentais para conseguir fazer com que este cachorro obedeça e aceite o ensino. A força física ou a violência são alternativas de último recurso e quase sempre trazem efeitos contrários ao pretendido. Porque este cão é voluntarioso e muito inteligente e não esquece facilmente uma ofensa ou maltrato, chegando mesmo a ser rancoroso. Nestas circunstâncias o método mais eficaz é o uso de diversas tonalidades de voz: ralhar forte e feio quando alguma coisa está mal e acarinhar efusivamente por palavras e incentivos verbais quando ele se porta bem. Desta forma o cachorro aprende a reconhecer o significado dos diversos tons de voz do dono e as palavras que lhe estão associadas e tem prazer em lhe agradar.

 
 
 
 

Habituados desde sempre à liberdade dos grandes espaços e a correr pelos montes estes cães sofrem intensamente se forem mantidos em cativeiro, com espaço restrito por correntes ou canis. Não é cão para ficar preso um dia inteiro num canil de rede e cimento e com o horizonte limitado para sempre. Nestas circunstâncias entristece, torna-se resmungão ou soturno, ladra incessantemente e fica sumamente infeliz. É acima de tudo um cão de trabalho com uma missão a cumprir. No seu habitat natural e integrado no rebanho é normal vê-lo percorrer 15 ou 20 quilómetros num dia, sempre ágil e enérgico. Este exercício físico é imprescindível para o seu normal crescimento e para o desenvolvimento da sua possante estrutura óssea, sendo também essencial para o desenvolvimento mental deste cão e para o seu equilíbrio psicológico.

 
 
 
 

Nesta raça existe uma enorme diferença entre os machos e as fêmeas, não só no tamanho e corpulência mas também no carácter. O macho Cão de Gado é dominador por natureza e tem um carácter mais fogoso e rebelde. É fácil vê-lo desde a primeira infância a "esmagar" com as patas os outros cães ou a deitar-se em cima deles a ladrar em atitude de dominância. Uma vez estabelecida a lei da primazia é muito tolerante com os outros machos e convive com eles sem problemas.Com as fêmeas comporta-se como o "leão da selva" e o seu harém. Elas são obrigadas a ser submissas e curiosamente até se tornam por vezes monógamas, deixando-se cruzar sempre só por um macho, rejeitando todos os outros.

 
 
 

É certamente mais fácil conviver em casa com uma fêmea e essa consideração deve ser ponderada cuidadosamente antes de adquirir um cão. A fêmea, sem deixar de manifestar todas as características próprias da raça, é mais dócil e meiga, embora não tenha a aparência majestosa do macho. O macho é mais imponente, impõe respeito mas pode eventualmente criar mais problemas. Necessita imperativamente de muito espaço para se desenvolver e duma educação muito cuidada.

 
 
 
 

Esta faceta da raça é a mais incómoda de todas principalmente para quem gosta de ter o jardim impecável! O Cão de Gado com aquela mobilidade de mãos já descrita consegue escavar buracos na terra , em poucos minutos, suficientemente grandes para lá se deitar. O velho ditado transmontano " 9 meses de Inverno e 3 de inferno" explicam bem esta necessidade: no campo para fugir ao frio invernal ou ao calor tórrido do verão nada melhor do que um bom buraco no chão!

A solução para este problema passa por alternativas: isto é manter o cão entretido com outras actividades, com brinquedos ou grandes ossos para roer e principalmente com muita vigilância para o dissuadir desde o início.

 
 
 

Uma das características mais curiosas destes cachorros é o facto que quando são desmamados e são retirados da mãe comem relativamente pouco e têm um fraco apetite. Se considerarmos a rapidez com que duplicam de tamanho nos primeiros 6 meses de vida e a sua excepcional estrutura óssea constatamos que se trata dum metabolismo específico desta raça. Com efeito em condições naturais a alimentação destes cachorros ao desmame é sempre pobre: caldo com batata ou arroz, e, com sorte, alguma carne que sobre. O gado ovino da região é gado de carne e portanto o leite e o queijo também não fazem parte da alimentação destes cães. Alem disso, os cachorros para chegar à comida devem primeiro deixar os cães maiores comer e são obrigados a saciar-se com os restos….Não é de espantar portanto que o seu metabolismo se tenha adaptado a esta alimentação pobre e que o organismo se contente de pouco para lhes permitir o crescimento!

É um erro alimenta-los com comida muito rica e com aditivos a base de cálcio. Uma boa ração para cachorro e bastante carne de frango cozida são suficientes para lhes assegurar o crescimento correcto, sendo também suficientes duas refeições diárias.

Muito importante é a agua que eles bebem em abundância durante todo o dia e que deve estar sempre disponível.

 
 
 
 

Para alem da alimentação que deve ser equilibrada o cachorro Cão de Gado precisa de fazer muito exercício. Desde pequeno alterna horas de sono com longas caminhadas e loucas correrias. É um desportista por natureza que se exercita naturalmente. Basta observar a leveza dos seus passos a agilidade do seu trote e o impulso do seu galope para nos darmos conta que estamos a frente de um "todo o terreno"capaz de bater o monte um dia inteiro sem se cansar. Parece quase inconcebível que um animal com tanta corpulência e tamanho possa ser tão ligeiro de movimentos! Mas lá vai ele, cauda no ar e trote cadenciado atrás do rebanho o dia inteiro sem se cansar. É bom saber que o cachorro que temos em casa vai ser capaz de pular no ar ás quatro patas sem esforço e galgar um muro alto sem tomar impulso! é importante ensinar-lhe os limites do seu horizonte.

 
 
 

O Cão de Gado Transmontano é, entre todas as raças portuguesas, a que atinge maior tamanho e também a mais rústica. É a raça que ainda conserva a sua funcionalidade e que até a data teve menos interferência humana na sua selecção.

No nordeste transmontano ela existe e é preservada exclusivamente pela sua utilidade na defesa do rebanho e pela sua valentia frente ao ataque do lobo.

Quem procura um cão de guarda que pode ser deixado numa quinta sem contacto humano, ou mesmo preso, tem certamente outras, e melhores, escolhas entre o grande número de raças caninas assim ditas de "guarda".

Este cão tem de ter uma missão a cumprir e um "pastor" para o orientar, necessita de espaço para crescer e duma mão firme para o ensinar.

Não é um cão para toda a gente, e não é certamente um cão adaptado a viver num apartamento urbano

Integrado num espaço adequado às suas necessidades e ultrapassadas algumas condicionantes, este cão transforma-se no companheiro que sempre desejamos, pronto a defender com a vida os bens e as pessoas à sua guarda.

Nestes tempos conturbados em que vivemos, em que a nossa segurança privada tanto está em jogo, que mais podemos pretender do nosso amigo fiel?

 
 
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